Uso indiscriminado do PET ameaça meio ambiente
Falta de regulamentação sobre o destino de embalagens de bebidas e alimentos pós-consumo provoca desperdício de dinheiro público e anuncia colapso na natureza
Desde que as garrafas PET (polietileno tereftalato) foram introduzidas no Brasil, há 20 anos, nenhuma daquelas que foram descartadas no meio ambiente se decompôs, alerta o professor Sabetai Calderoni, diretor presidente do Instituto Brasil Ambiente.
Como o crescimento vertiginoso da produção das garrafas PET para embalagem de alimentos e bebidas - 450% entre 1994 e 2005, segundo dados do censo de reciclagem realizado pela Associação Brasileira de Indústrias do PET (Abipet) - a conseqüência não poderia ser diferente: poluição, enchentes, desperdício de dinheiro.
As garrafas que não seguem para reciclagem muitas vezes não vão para aterros sanitários - locais que também não são os ideais, uma vez que elas ocupam muito espaço: terminam em lixões, nas ruas, terrenos baldios, praias e rios, entre outros. Calderoni explica que durante as chuvas, as PETs são causadoras do entupimento de bueiros, provocando enchentes e danos graves à população. "Infelizmente nem sempre há o escoamento devido para as garrafas de PET pós-consumo", diz.
Renata Valt, engenheira química e autora do livro "Ciclo da Vida de Embalagens para Bebidas no Brasil", explica que uma embalagem PET demora cerca de 100 anos para se decompor. Apesar de ser 100% reciclável, o PET reciclado ainda não pode ser reutilizado diretamente na embalagem de alimentos e bebidas - o seu maior mercado consumidor - por questões de contaminação. E além disso, é mais barato para a indústria comprar a resina de PET virgem em vez da reciclada.
Diante disso, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), o Brasil recicla menos da metade dos 7 bilhões de embalagens que produz anualmente.
Mais PETs no mercado...e nas ruas
As indústrias de cerveja também têm interesse em substituir os invólucros de alumínio e de vidro por plástico. "Caso as cervejarias venham a fazer uso maciço do PET, o volume de lixo aumentará assustadoramente e, por conseqüencia, os danos ao meio ambiente", diz o Deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que está com o Projeto de Lei 520/07, de sua autoria, em análise na Câmara - que proíbe o uso de garrafas PET e estimula o de embalagens recicláveis de vidro para alimentos e bebidas.
O Procurador da República Jefferson Aparecido comenta que um dos problemas é que o PET está sendo adotado em grande escala, mas sem que as empresas se preocupem com os custos ambientais caso o produto seja descartado indevidamente. "As companhias apenas internalizam os lucros e transferem para o cidadão comum o ônus e a responsabilidade sobre os problemas ecológicos desencadeados com o descarte indevido das garrafas", diz.
Jefferson é autor da ação civil pública que resultou em liminar que garante a exigência de estudo de impacto ambiental das empresas que decidirem envasar cerveja em PET. Segundo ele, o uso de garrafas de PET pela indústria cervejeira vai ser trágico do ponto de vista ambiental. "Haverá grande consumo, uma vez que a tendência é que as garrafas acondicionem no máximo 600ml de cerveja, e portanto venham a ser mais consumidas que refrigerantes - os quais contam com garrafas de até 2,5L. Outro ponto é que podem ter uma grande procura num pequeno espaço de tempo, como nas praias, no verão, carnaval e festas, promovendo consumo e descarte concentrados", conta.
Há solução?
A Professora Maria do Carmo Bezerra, ex-secretária do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, diz que uma solução seria a diminuição ou o término da produção de garrafas de PET. Ou ainda o oferecimento de subsídios para a reciclagem total dos vasilhames. "Acabar com as garrafas PET é difícil. Existe o empecilho econômico das empresas de bebidas, uma vez que o PET reduziu seus custos de produção", diz.
"Uma boa saída é trabalhar no marco regulatório e dar incentivos - a redução do IPI, por exemplo - às empresas. Assim os interesses em relação à saúde ambiental e os econômicos empresariais ficam balanceados. Falta uma política mais clara no País como o Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, no início do mês, e que tramita no Congresso aguardando aprovação", finaliza.
Como o crescimento vertiginoso da produção das garrafas PET para embalagem de alimentos e bebidas - 450% entre 1994 e 2005, segundo dados do censo de reciclagem realizado pela Associação Brasileira de Indústrias do PET (Abipet) - a conseqüência não poderia ser diferente: poluição, enchentes, desperdício de dinheiro.
As garrafas que não seguem para reciclagem muitas vezes não vão para aterros sanitários - locais que também não são os ideais, uma vez que elas ocupam muito espaço: terminam em lixões, nas ruas, terrenos baldios, praias e rios, entre outros. Calderoni explica que durante as chuvas, as PETs são causadoras do entupimento de bueiros, provocando enchentes e danos graves à população. "Infelizmente nem sempre há o escoamento devido para as garrafas de PET pós-consumo", diz.
Renata Valt, engenheira química e autora do livro "Ciclo da Vida de Embalagens para Bebidas no Brasil", explica que uma embalagem PET demora cerca de 100 anos para se decompor. Apesar de ser 100% reciclável, o PET reciclado ainda não pode ser reutilizado diretamente na embalagem de alimentos e bebidas - o seu maior mercado consumidor - por questões de contaminação. E além disso, é mais barato para a indústria comprar a resina de PET virgem em vez da reciclada.
Diante disso, segundo dados do Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre), o Brasil recicla menos da metade dos 7 bilhões de embalagens que produz anualmente.
Mais PETs no mercado...e nas ruas
As indústrias de cerveja também têm interesse em substituir os invólucros de alumínio e de vidro por plástico. "Caso as cervejarias venham a fazer uso maciço do PET, o volume de lixo aumentará assustadoramente e, por conseqüencia, os danos ao meio ambiente", diz o Deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que está com o Projeto de Lei 520/07, de sua autoria, em análise na Câmara - que proíbe o uso de garrafas PET e estimula o de embalagens recicláveis de vidro para alimentos e bebidas.
O Procurador da República Jefferson Aparecido comenta que um dos problemas é que o PET está sendo adotado em grande escala, mas sem que as empresas se preocupem com os custos ambientais caso o produto seja descartado indevidamente. "As companhias apenas internalizam os lucros e transferem para o cidadão comum o ônus e a responsabilidade sobre os problemas ecológicos desencadeados com o descarte indevido das garrafas", diz.
Jefferson é autor da ação civil pública que resultou em liminar que garante a exigência de estudo de impacto ambiental das empresas que decidirem envasar cerveja em PET. Segundo ele, o uso de garrafas de PET pela indústria cervejeira vai ser trágico do ponto de vista ambiental. "Haverá grande consumo, uma vez que a tendência é que as garrafas acondicionem no máximo 600ml de cerveja, e portanto venham a ser mais consumidas que refrigerantes - os quais contam com garrafas de até 2,5L. Outro ponto é que podem ter uma grande procura num pequeno espaço de tempo, como nas praias, no verão, carnaval e festas, promovendo consumo e descarte concentrados", conta.
Há solução?
A Professora Maria do Carmo Bezerra, ex-secretária do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Distrito Federal, diz que uma solução seria a diminuição ou o término da produção de garrafas de PET. Ou ainda o oferecimento de subsídios para a reciclagem total dos vasilhames. "Acabar com as garrafas PET é difícil. Existe o empecilho econômico das empresas de bebidas, uma vez que o PET reduziu seus custos de produção", diz.
"Uma boa saída é trabalhar no marco regulatório e dar incentivos - a redução do IPI, por exemplo - às empresas. Assim os interesses em relação à saúde ambiental e os econômicos empresariais ficam balanceados. Falta uma política mais clara no País como o Projeto de Lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, no início do mês, e que tramita no Congresso aguardando aprovação", finaliza.
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