segunda-feira, 2 de abril de 2012

Descarte inadequado do PET é problema para meio ambiente


Kleyzer Seixas, do A Tarde On Line


Criado há mais de 70 anos e comercializado a partir de 1970 nos Estados Unidos, o PET passou a ser reciclado a partir dos anos 80. Vinte anos após o inicio da coleta do produto, a sua reutilização é vista como importante para a preservação do meio ambiente. Apesar do crescimento da reciclagem, a destinação inapropriada ainda é um problema a ser resolvido.
Não é difícil encontrar garrafas boiando em rios e mares ou jogadas nas ruas ou praias de todo o País. Em Salvador, a situação não é diferente. Estima-se que apenas 2% do lixo reciclável (papel, metal, plástico e PET) seja reutilizado, de acordo com informações do geógrafo com especialização em gerenciamento ambiental, Raimundo Nascimento, que trabalha no segmento de cooperativas ligadas ao PET.
Diferente do que defende alguns representantes ligados às associações do setor no país, o especialista acredita que o material coletado na capital baiana ainda é muito pouco se comparado ao total da produção. “A porcentagem de 2% é insignificante com relação ao que se produz. O restante, muito provavelmente, vai parar nos aterros, ruas e rios”, ressalta.
Quem partilha da mesma opinião é a coordenadora do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Abrelpe, Silvia Martarelo Astolpo. “O catador ainda pega o menor volume do PET, porque o maior vai parar nos mananciais, nas praias e em tantos outros locais”, enfatiza. E alerta: “A única coisa que pode ser feira é alterar o padrão de consumo, que deve ser mais consciente”.
O descarte de forma aleatória causa impactos desastrosos ao meio ambiente. Só para se decompor, o plástico demora, em média, 400 anos. De acordo com o geógrafo Raimundo Nascimento, tanto a vida marinha quanto a terrestre são prejudicadas pelo produto. Ele explica que o lançamento do PET no solo, por exemplo, impede o crescimento de plantações.
“O plástico é derivado do petróleo, que é matéria orgânica, mas apesar da sua origem, ele não é orgânico e faz mal ao meio ambiente quando descartado de forma inadequada, porque não se incorpora a ele”, diz Nascimento, que se preocupa ainda com o impacto visual causado pelo problema: “O plástico, dentre todo o lixo jogado em locais inapropriados, é o que causa mais impacto visual”.
 
Ações são restritas - As iniciativas que existem para tentar conter o problema são poucas e se resumem à ação dos próprios moradores da cidade, diz Nascimento, ao criticar a indiferença do poder púbico com relação ao problema. “Os órgãos trabalham pouco, existem iniciativas na cidade toda por conta própria, de pessoas preocupadas com as causas do meio ambiente e associações”, pontua.
Dentre as iniciativas, o geógrafo destaca o trabalho feito pelos funcionários da Camapet em Alagados. Como não havia coleta regular no bairro, a cooperativa passou a fazer oficinias no local, com o intuito de conscientizar a população a direcionar as garrafas PET para locais adequados. O trabalho, segundo ele, rendeu bons resultados. Hoje, ainda há descarte inadequado na região, mas a sujeira diminuiu bastante, se comparada há cinco anos.
Trabalho similar foi feito pela ONG Paciência Viva no Rio Vermelho. Desde 2001, os funcionários da organização trabalham no local para revitalizar a Praia da Paciência. O objetivo, segundo o diretor da entidade, Cláudio Deiró, é evitar que os resíduos sejam jogados no local, por meio da conscientização dos frequentadores. Eles também trabalham coletando o lixo acumulado na praia a nas imediações e ministrando palestras em escolas e faculdades.

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